Morte de vereador de Jacaraú: secretários municipais são suspeitos de planejar o crime, segundo a Polícia Civil
Policial
JACARAÚ (PB) — Dois secretários da Prefeitura de Jacaraú foram presos suspeitos de envolvimento na morte do vereador Peron Filho (MDB), assassinado a tiros no dia 15 de setembro de 2025, no Litoral Norte da Paraíba.
De acordo com a Polícia Civil, os gestores teriam contratado um grupo criminoso para executar o parlamentar, motivados por divergências políticas e denúncias feitas pela vítima sobre supostos desvios de recursos públicos no município.
As prisões foram realizadas nesta quinta-feira (30) durante a Operação Parlamento, que resultou na detenção de cinco pessoas suspeitas de participação no crime.
Quem são os suspeitos
Entre os presos estão Jeferson Carvalho da Silva, secretário de Transportes e Mobilidade Urbana, e Antônio Fernandes Alves Bezerra, secretário de Administração da Prefeitura de Jacaraú.
Segundo as investigações, os dois teriam sido os mandantes do assassinato. Ambos foram afastados dos cargos após a prisão.

Outros dois suspeitos, apontados como executores do crime, foram capturados no Rio Grande do Norte, e o quinto preso é o proprietário de uma pousada na cidade de Jacaraú, onde, segundo a polícia, ocorreu uma reunião entre os envolvidos momentos antes do homicídio.
“Houve uma reunião em uma pousada próxima ao local do crime. Cerca de meia hora antes do assassinato, o carro de um dos secretários esteve no ginásio onde a vítima jogava futsal. Após o jogo, o segundo veículo foi avisado e seguiu a rota da vítima”, explicou o delegado Sylvio Rabello, responsável pelas investigações.
Destruição de provas e ligação com pistolagem
De acordo com a Polícia Civil, o secretário de Transportes tinha envolvimento com a pistolagem e chegou a se desfazer de dois celulares na cidade de Nova Cruz (RN) após o crime.
Ele também é acusado de ocultar aparelhos de gravação de câmeras de segurança de suas propriedades, o que pode configurar fraude processual.
A perícia balística revelou que a arma utilizada na execução do vereador já havia sido usada em 12 homicídios no Rio Grande do Norte, reforçando a ligação entre o grupo e atividades de pistolagem na região.
O secretário de Administração, por sua vez, teria dado apoio logístico ao comparsa, ajudando na venda dos celulares e na destruição das provas.
Motivação política
A investigação aponta que o crime teve motivação política.
O vereador Peron Filho vinha denunciando supostos desvios de combustíveis, má utilização da frota municipal e irregularidades administrativas na Secretaria de Transportes, comandada por um dos suspeitos.
“A vítima denunciava várias irregularidades, dentro da legalidade, e isso causou descontentamento por parte do secretário de Transportes”, afirmou o delegado Sylvio Rabello.
O pai da vítima, Peron Pessoa, declarou que cerca de 20 dias antes do crime, os dois secretários presos foram até a casa da família e tentaram convencer o vereador a deixar a oposição e apoiar o governo municipal, oferta que teria sido recusada.
“Eles ofereceram vantagem para ele mudar de lado. Meu filho respondeu que não aceitaria”, relatou o pai do vereador.
O crime
Peron Filho foi assassinado com três disparos nas costas enquanto voltava de moto para casa, após participar de uma partida de futsal em um distrito de Jacaraú.
O corpo foi encontrado em uma estrada entre Jacaraú e Pedro Régis, e a polícia descartou a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte).
Câmeras de segurança e testemunhas ajudaram a reconstruir a rota dos suspeitos e a dinâmica do crime.
O vereador foi sepultado no dia 17 de setembro, em Jacaraú, sob forte comoção popular. O velório reuniu familiares, amigos e eleitores, no ginásio da cidade, seguido de cortejo até o cemitério local.
Perfil da vítima
Filiado ao MDB, Peron Filho havia sido reeleito vereador em 2024 com 702 votos, sendo o terceiro mais votado do município.
Reconhecido pela defesa da causa animal, foi um dos fundadores da ONG Zona dos Pets, dedicada ao cuidado e à adoção de animais abandonados.
O parlamentar era divorciado, não tinha filhos e completaria 37 anos no dia 19 de setembro.
Situação das investigações
A Polícia Civil informou que o caso está “praticamente elucidado”, mas ainda colhe depoimentos dos suspeitos.
Os executores presos no Rio Grande do Norte serão ouvidos pela polícia local, enquanto os detidos na Paraíba seguem sob custódia e devem prestar novos esclarecimentos nos próximos dias.
“A partir dos interrogatórios, esperamos detalhar a dinâmica do crime e confirmar as motivações políticas que levaram à execução do vereador”, afirmou o delegado Sylvio Rabello.
Fonte: G1
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